quarta-feira, 2 de junho de 2010

As 5 atitudes e as 5 declarações



* Queremos ressaltar que esse método é válido para todo tipo de relação e para qualquer comportamento indesejado.


Definições

Família:

É um agrupamento humano, formado por adultos responsáveis com função de pais, avós, tios, e crianças e adolescentes com função de filhos, ligados por um sentimento forte de amorosidade e de “pertencimento”.

Poder:

Uma relação entre duas partes, em que uma impõe um comportamento ao outro, e para isso, usa a força das armas, do dinheiro, da hierarquia, etc. É uma relação que não é aceita por quem, obedece, e, que na primeira oportunidade que tiver, sai desta relação.

Autoridade:

A relação de autoridade repousa sobre dois pilares a hierarquia e a afetividade. É uma relação legítima e verdadeira, pois é aceita por ambas as partes.

Resgatando a Autoridade dos Pais ou Cuidadores

Com esta metodologia originária do Adolescentro não utilizamos só os dogmas, não trabalhamos apenas com O QUE fazer, mas principalmente com COMO fazer. Assim mostramos o caminho para efetivarmos este resgate, fazendo uso de 5 atitudes e 5 declarações, aonde cada uma delas representa um universo de informações e mudanças de hábitos e conceitos que só vão sendo de fato absorvidas e introjetadas com a devida prática. Este método irá trabalhar as maiores dificuldades dos cuidadores e daqueles que são cuidados. É um grande treino de caráter bastante desafiador.

Atenção!

Sentimentos predominantes dos pais ou cuidadores:

- mágoa
- culpa
- impotência
- frustração
- medo da perda

Fatores predisponentes para o uso de drogas:

- carência afetiva
- baixa auto-estima
- falta de limites
- transtorno psiquiátrico associado ao uso de drogas, que deve ser acompanhado por um psiquiatra.

Indicadores do uso de drogas:

- cai o rendimento na escola ou no trabalho
- fica mais distante e agressivo em casa
- muda a cara dos amigos
- quando está mais comprometido começa a mentir, roubar e envolver-se em atividades ilícitas. Lembramos que hoje em dia o fim da linha é sempre a rede do narcotráfico.

Entidade droga:

Quando falamos da droga não estamos falando apenas da substância química, mas sim da rede da droga que inclui usuários e traficantes e da “entidade droga” que é dissimulada, cínica, mentirosa, agressiva, esperta, desonesta, sem caráter, preguiçosa. A droga tinge a personalidade da pessoa e passamos a não reconhecê-la como aquela que conhecíamos anteriormente.

As 5 Atitudes

Primeira Atitude: Separar o filho do comportamento

Nossos filhos são pessoas completas e que não se resumem a um comportamento, por isso devemos separar nossos filhos amados de seu comportamento negativo. Para facilitar esta ginástica mental e emocional usamos a metáfora do “Encosto da droga”.
Sempre diante de um comportamento indesejado devemos usar o mantra: “Eu amo você, mas eu não aceito esse comportamento!”

Segunda Atitude: Definir funções

Sempre que formos falar com nossos filhos para corrigir, elogiar, etc., devemos definir quem é quem nesta relação e quais são as funções.
Diante de um comando sempre temos que começar com as palavras mágicas: “Eu sou sua mãe/pai, você é meu filho, eu te amo muito e por isso mesmo gostaria que...”
Com este início de fala definimos o que é uma relação entre um pai ou uma mãe e seu filho e firmamos que é uma relação que tem como base a hierarquia e a amorosidade que os liga. Estamos dando um PORQUÊ! Nunca podemos esquecer que SEMPRE seremos pais e eles filhos, não importa a idade.

Terceira Atitude: Falar na primeira pessoa

Usaremos o poder dos nossos sentimentos e afetividade. Não vamos conversar com nossos filhos cobrando, brigando, usando argumentos racionais. Traremos o diálogo para a afetividade, falaremos na primeira pessoa. Por isso sempre começamos o diálogo com as palavras EU + sentimento!
Quando acusamos compramos uma briga, entretanto quando falamos dos nossos sentimentos e começamos no “EU” abrimos espaço para uma conversa. Essa é uma ótima oportunidade para fazermos um treino de autoconexão. A partir de hoje vamos sempre nos perguntar o que estamos sentindo nas mais diversas situações.

Quarta Atitude: O Elogio

Vamos apostar no positivo. Nós temos que aproveitar o que nossos filhos fazem de bom e estimulá-los a continuar fazendo cada vez mais. A melhor maneira para se conseguir isto é com o ELOGIO. Lembre-se o elogio é o spray fixador da melhora. Como dever faremos uma lista de 50 adjetivos positivos.

Como construir o elogio?

1) Identificaremos o que de positivo nossos filhos fizeram, por menor que tenha sido, mas que seja REAL.
2) Qual a qualidade de um filho que faz algo assim?
3) Elogiar não é dizer “parabéns, muito bem, que legal”.
4) O elogio é justamente a qualidade, o adjetivo.
5) Não se usa o “MAS...” depois do elogio.
6) Após elogiar é de fundamental importância possamos dizer como nos sentimos com o comportamento dele.
7) Lembramos que elogios por atitudes do passado, são sempre bem vindos. É um reconhecimento!

Quinta Atitude: O Abraço

Abraçar os filhos no mínimo três vezes ao dia. Não é um abraço espontâneo, é um abraço planejado, intencional, estratégico, é o “dever de casa dos pais”. Nada é desculpa pra esse abraço não acontecer. Se o filho correr, corremos atrás, se ele chutar ou xingar abraçamos dormindo. Se só o encontrarmos uma vez por dia vamos abraçar, ir à cozinha, abraçar, ir ao banheiro e abraçar novamente.
Lembramos que este é um abraço cruzado onde a gente dá e recebe. Nada de tapinha, balanço e nem tagarelice, tudo isso é presepada para fugir da emoção e o que queremos é nos conectar com ela. Sempre que abraçarmos alguém mentalizaremos a ordem: “Nesse momento o seu coração vai ouvir o meu coração bater!”

As 5 Declarações

Faremos uma reunião com todos os membros da família (mãe, pai, madrasta, padrasto, avós) que puderem ajudar nessa empreitada. Quanto mais pessoas estiverem falando a mesma língua melhor, pois assim o adolescente não tem por onde escapulir. Esta reunião será um marco, nela não pediremos a opinião de nossos filhos vamos apenas declarar o que será feito por ele a partir de agora.

1. Declaração de Amor Incondicional

“Eu sou seu pai/mãe, eu te amo muito e não vou abrir mão de você para droga nenhuma, para marginal nenhum ou bala perdida. E aonde quer que você vá, se sentirmos que vai te prejudicar, vamos te buscar até no inferno.”

2. Declaração de Intolerância às Drogas

“Nós (pai, mãe, avós) te amamos muito e não aceitamos o uso de drogas. Por isso vamos fazer o possível e o impossível para você parar de usar drogas. Vou baculejar suas coisas: celular, computador, gavetas, mochila, carro e o que quer que eu encontre vai descarga abaixo, pode ser do pior traficante. Você está avisado!”
Lembramos que liberdade e privacidade são para quem pode e não para quem quer. Enquanto nossos filhos estiverem se prejudicando eles não terão essa condição.

3. Declaração de Responsabilidade

“Nós assumimos a responsabilidade de fazer você parar com o uso de drogas. Se você quiser você para de usar drogas e se você não quiser você para do mesmo jeito.” Aqui derrubamos o mito de que a pessoa só para quando quiser. Se o adolescente tiver quem lute por ele, ele para querendo ou não.

4. Declaração sem Segredos

“Nós não guardaremos segredos para ninguém que possa nos ajudar.”

Nós iremos montar uma rede de aliados (porteiro do prédio e da escola, empregada, o vendedor do cachorro quente da esquina). Devemos falar com essas pessoas:

“Amo muito meu filho, descobri que ele está usando drogas, estou sofrendo muito e gostaria de pedir sua ajuda. Quando você o vir por estes lados você pode me avisar?”

A outra vertente dessa declaração é quebrar a rede da droga. Enquanto nossos filhos não pararem de andar com quem usa, eles não vão parar de usar, portanto, vamos bater na porta dos pais dos amigos deles e dizer:

“Amo muito meu filho, descobri que ele está usando drogas, estou sofrendo muito e gostaria de pedir sua ajuda. Não deixe seu filho andar com o meu, pois neste momento ele está sendo uma péssima influência pro seu filho.”

Sabemos que essas famílias têm problemas com limites e não são elas que impedirão os filhos de andar com nossos filhos. Mas quando os amigos ficam sabendo do que está acontecendo os nossos filhos viram sujeira e eles são tão amigos da droga que caem fora.

5. Declaração de Persistência

“Nós nunca vamos desistir de fazer você parar com o uso de drogas.”

Essa frase nós falamos para ele ouvir e para nós mesmos ouvirmos, pois, este é um “game” cheio de altos e baixos. Muitas vezes ficaremos desestimulados, mas nossa intenção é que possamos permanecer firmes e chegar à fase final.

Etapas do Processo Terapêutico

Em um primeiro momento, quando começamos a aplicar as 5 atitudes, vivemos uma fase de “lua-de-mel” com o adolescente, pois ele se sente cuidado e amado, mas sua relação com a droga ainda não está ameaçada.

Já em um segundo momento, ficamos mais afiados no método e começamos a fechar o cerco ameaçando verdadeiramente a relação do adolescente com a droga e é aí que começam as brigas e a batalha cheia de altos e baixos.

O terceiro momento é quando solidificamos a internação na família, quando o adolescente fica mais isolado e às vezes um pouco depressivo, então podemos precisar da ajuda de um psiquiatra.

O quarto momento se caracteriza por uma melhora evidente e o maior indicador é quando o adolescente faz, espontaneamente, amigos que estão fora do comportamento de risco para uso de drogas.

O Nosso Cuidar

A partir de hoje não vamos mais usar todos aqueles termos que nos identificam como possíveis carrascos dos nossos filhos, tais como: PRENDER, CONTROLAR, VIGIAR, PROIBIR. Vamos trocar por um termo que nos compromete como pais: CUIDAR. “Não estamos te vigiando, estamos CUIDANDO de você. E mais! Seremos seus pais mesmo depois de morrermos! D. Pedro I é até hoje pai de D. Pedro II !!! Assim sendo, não é até 18 anos, cuidaremos de vocês por TODA a eternidade!!!”

Baseado no método do ADOLESCENTRO com revisão da CIA DO ADOLESCENTE E FAMÍLIA

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